Cresce pressão americana contra o presidente da Ucrânia, Zelensky, para assinar acordo que dar acesso a minerais estratégicos
Donald Trump pressiona Volodimir Zelensky, para um acordo que daria prioridade a Washington na exploração de recursos minerais estratégicos na Ucrânia.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, enfrentou nesta
sexta-feira (21) pressões crescentes dos Estados Unidos para conseguir um
acordo que daria prioridade a Washington para explorar os recursos minerais
estratégicos do país, cenário de uma guerra com a Rússia.
No início de fevereiro, o presidente americano, Donald Trump,
anunciou que queria negociar um acordo com a Ucrânia para obter acesso a 50% de
seus recursos estratégicos minerais em troca de ajuda fornecida a Kiev.
Mas Zelensky rejeitou a primeira proposta dos EUA, argumentando
que ela não oferecia garantias de segurança ao seu país, que enfrentava uma
invasão russa há três anos.
Desde então, a tensão entre Kiev e Washington aumentaram. Trump chamou Zelensky de “ditador” ao iniciar uma aproximação repentina com o Kremlin e criou uma reviravolta
perigosa para a Ucrânia, dada a importância dos Estados Unidos como fornecedor
de ajuda militar e financeira.
Um alto funcionário ucraniano, disse nesta sexta-feira que a Ucrânia e os EUA “continuam” negociando um acordo sobre os recursos minerais do país.
“Há uma troca constante de documentos preliminares, enviamos outro ontem” e “estamos esperando uma resposta” dos EUA, afirmou a fonte, que pediu anonimamente.
O assessor americano de Segurança Nacional, Mike Waltz, garantiu nesta sexta que Zelensky firmará um acordo “em um prazo muito curto (...) e isso é bom para a Ucrânia”.
Zelensky se encontra com o enviado dos EUA Kellogg depois que o presidente dos EUA rotulou o líder ucraniano de "ditador" e disse que a Rússia "tem as cartas" em quaisquer negociações para acabar com a guerra – Foto: Sergei SUPINSKY / AFP
O "corajoso" Zelensky
O enviado de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, disse nesta
sexta-feira que na véspera teve, em Kiev, uma reunião “positiva” com o
“corajoso” Zelensky, uma declaração muito diferente das duras críticas do
presidente americano à sua contraparte ucraniana nos últimos dias.
Trump afirmou nesta sexta que não considera essencial que Zelensky
esteja presente nas negociações com a Rússia para acabar com a guerra na
Ucrânia.
“Não acho que seja muito importante que ele esteja nas reuniões”,
declarou à Fox Radio. “Ele está lá há três anos. Ele dificulta muito os
acordos”, acrescentou.
"É importante que os Estados Unidos estejam do nosso lado.
Uma paz sólida e rigorosa só pode ser alcançada com unidade", escreveu o
presidente ucraniano no X, após conversar por telefone com seu par polonês,
Andrzej Duda.
O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, também falou por telefone
com o líder ucraniano e destacou que Kiev "deve estar na mesa de
negociações e as questões de segurança na Europa devem ser discutidas
conjuntamente com os europeus", segundo a sua porta-voz em um comunicado.
Trump e Zelensky protagonizaram uma troca de insultos depois que
autoridades da alta escalada dos EUA e da Rússia discutiram, na Arábia Saudita,
sobre um possível acordo para encerrar uma guerra.
Na quinta-feira, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio,
justificou uma reunião bilateral, afirmando que o objetivo era verificar se
Moscou falava "sério".
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reiterou nesta sexta-feira
que o presidente Vladimir Putin está “aberto” a negociações de paz.
“Temos nossos objetivos relacionados à nossa segurança nacional e
aos nossos interesses nacionais, e estamos prontos para alcançá-los por meio de
negociações de paz”, afirmou Peskov.
Avanços russos no front
A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões ucranianas que
Moscou alega ter anexado, além da península da Crimeia, e renuncie à adesão a
Otan, o que Kiev rejeita categoricamente.
Trump e seus colaboradores compartilham "pouco realista"
a adesão da Ucrânia a Otan e sua ambição de recuperar os territórios tomados
por Moscou.
Poucos dias antes do terceiro aniversário do início da invasão, em
24 de fevereiro de 2022, a situação continua difícil para as tropas ucranianas,
em menor número e menos equipadas.
Na sexta-feira, o exército russo reivindicou a tomada de duas
localidades na região leste de Donetsk, perto da fronteira com a região de
Dnipropetrovsk.
Neste contexto de guerra e diplomacia, a União Europeia e vários
líderes europeus estão se mobilizando para apoiar a Ucrânia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, viajará para Washington na
segunda-feira, onde se reunirá com Trump. O líder francês disse nas redes
sociais na quinta-feira que dirá ao seu contraparte americano que ele "não
pode ser fraco" diante de Putin.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, visitará Washington
na quinta-feira.
*Com informações da Agence France-Presse
COMENTÁRIOS