Burnout seletivo: quando você só ‘pifa’ nos seus próprios sonhos
Ana Chauvet analisa o fenômeno de pessoas exaustas que entregam tudo no trabalho, mas travam na sua melhoria de carreira.
Ciclo de exaustão, alimentado pela priorização das demandas corporativas em detrimento dos planos individuais. - Foto: Pixabay
Em um mercado de trabalho cada vez mais exigente, um fenômeno silencioso tem impactado profissionais de todas as áreas: o burnout seletivo.
Diferente do esgotamento tradicional, ele ocorre quando a pessoa mantém alta performance no emprego, mas sente-se paralisada ao perseguir objetivos pessoais de carreira, como uma recolocação, um novo projeto ou a realização de um sonho.
Esse ciclo de exaustão, alimentado pela priorização das demandas corporativas em detrimento dos planos individuais, bloqueia a energia para investir em si mesmo, mesmo quando há insatisfação evidente com a vida profissional atual.
"O burnout seletivo é a falência emocional de quem nunca aprendeu a priorizar a si mesmo. Você entrega tudo no trabalho, mas quando chega a hora de cuidar da sua carreira, não tem mais energia.
É como se você funcionasse bem para os outros, mas não para você.", explica Ana Chauvet, Especialista em RH e Mentora de Carreira.
Ela aponta que uma das principais causas é a cultura da produtividade tóxica: "Existe uma romantização do desempenho extremo. Ser produtivo virou sinônimo de valor, e isso desumaniza o profissional. A falta de pausas, a negação das emoções e o medo de decepcionar são gatilhos silenciosos desse tipo de burnout."
Entre os sinais do burnout seletivo estão o adiamento crônico de decisões de carreira, a dificuldade de responder e-mails sobre oportunidades pessoais, a comparação constante com quem está avançando e até o sentimento de indignidade por sonhar com algo melhor.
Esse esgotamento também afeta a capacidade de se expor, buscar ajuda ou agir com clareza. Segundo Ana, profissionais com burnout seletivo sabem o que querem, mas travam na execução. Por isso, a saída precisa ser gradual e intencional: "A recuperação começa com metas pequenas. É sair da idealização de um salto de carreira perfeito e aceitar o primeiro passo possível. Um PDF de currículo atualizado. Uma conversa com um mentor. Uma manhã livre para refletir. Isso já é avanço."
Ana também alerta sobre a importância da NR1 (Norma Regulamentadora nº1), que trata da gestão de saúde e segurança no ambiente de trabalho, incluindo o reconhecimento de riscos psicossociais, como o burnout: "A NR1 já prevê que as empresas identifiquem fatores que causam sofrimento mental, mas não basta cumprir norma. É preciso agir de forma preventiva, com escuta ativa e ações que validem o ser humano além do crachá."
Um estudo da Robert Half de 2024 aponta que 62% dos profissionais brasileiros relatam sinais de esgotamento relacionados ao trabalho, mas poucos percebem que a estagnação pessoal intensifica o problema.
Para Ana, o RH tem um papel essencial: "O burnout seletivo não nasce no LinkedIn. Ele nasce no silêncio das reuniões em que ninguém pergunta: 'como você está?'. Empresas que criam ambientes de desenvolvimento individual, com feedbacks empáticos, pausas reais e incentivo a projetos pessoais, estão na vanguarda da retenção de talentos."
Sobre Ana Chauvet
Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Cândido Mendes, com especialização em Recursos Humanos pela FGV e MBA em Liderança e Gestão de Pessoas pela UFRJ. Possui experiência internacional e realizou curso de Leadership Management em Nova York (EUA), ampliando sua visão sobre desenvolvimento de pessoas em contextos globais. Construiu uma carreira sólida com mais de 15 anos de experiência em Recrutamento Humanizado, Recolocação Profissional, Transição de Carreira e Estratégias Avançadas de LinkedIn.
Já impactou mais de 5.000 profissionais no Brasil e no exterior, ajudando a transformar currículos, fortalecer marcas pessoais e reposicionar carreiras com propósito. À frente da sua Consultoria, atua ao lado de empresas globais em projetos de Recrutamento, Treinamento e Employer Branding, representando marcas nos principais eventos de RH do país.
Reconhecida como LinkedIn Top Voice, foi eleita duas vezes entre os Top 10 RHs do Brasil pelo Prêmio iBest e figura na lista dos Top 11 RHs Globais pela plataforma Favikon. Também integra o seleto grupo de LinkedIn Global Creators. Ana se destaca como palestrante e business influencer, abordando temas como carreira, inovação, tecnologia e futuro do trabalho com uma abordagem humana, prática e transformadora. Conta com mais de 365 mil seguidores no LinkedIn.
COMENTÁRIOS