Outubro Rosa: Nova diretriz amplia prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama
Oncologista explica como a mamografia detecta a doença antes do surgimento de sinais e aumenta as chances de cura.
A nova diretriz elimina a exigência de histórico familiar ou sintomas para o acesso ao exame. - Foto: Divulgação
Com a chegada do Outubro Rosa, o Ministério da Saúde anuncia uma importante mudança nas diretrizes de rastreamento do câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS). No final do último mês, a mamografia passou a ser garantida para todas as mulheres a partir dos 40 anos, mesmo sem sinais ou sintomas da doença. A medida representa um avanço significativo na prevenção e no diagnóstico precoce do tipo de câncer mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), e busca responder ao aumento de casos em faixas etárias antes não contempladas pela recomendação oficial.
A nova diretriz elimina a exigência de histórico familiar ou manifestação de sintomas para o acesso ao exame nessa faixa etária. A mamografia deverá ser feita sob demanda, com base em uma decisão conjunta entre a paciente e o profissional de saúde, que explicará os benefícios e possíveis riscos do rastreamento precoce. Atualmente, mulheres com menos de 50 anos já representam 30% das mamografias feitas no SUS, com mais de 1 milhão de exames realizados apenas em 2024.
O oncologista da Afya Montes Claros, Dr Levindo Tadeu, esclarece que a nova diretriz imposta pelo Ministério da Saúde é extremamente relevante e representa um avanço importante na saúde da mulher. “Há anos a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Sociedade Brasileira de Oncologia defendem essa mudança, com base em evidências científicas. Nas últimas décadas, observou-se um aumento significativo da incidência de câncer de mama em mulheres entre 40 e 50 anos. Ampliar o acesso à mamografia para essa faixa etária permite a detecção precoce da doença, o que é fundamental para aumentar as chances de cura. Além disso, o diagnóstico em estágios iniciais possibilita a realização de tratamentos menos agressivos, com menor impacto físico e psicológico para as pacientes”.
Os dados justificam a ampliação e a fala do especialista. Entre 2018 e 2023, mais de 108 mil mulheres com menos de 50 anos foram diagnosticadas com câncer de mama no Brasil. Na faixa de 40 a 49 anos, agora incluída na diretriz, foram registrados 71.204 casos. Outras 19.576 mulheres tinham entre 35 e 39 anos. Mulheres com mais de 70 anos, também fora da recomendação oficial, somaram 53.240 casos no mesmo período. Já a faixa etária considerada prioritária pelo SUS (50 a 69 anos) teve 157,4 mil diagnósticos.
Para o médico da Afya Montes Claros, o ideal é que o câncer de mama seja descoberto antes mesmo do surgimento de qualquer sinal ou sintoma, por meio de exames de rastreamento, como a mamografia. “Nessa fase inicial, a lesão ainda é tão pequena que não provoca alterações perceptíveis. No entanto, é fundamental que a mulher esteja atenta a qualquer mudança nas mamas, como o aparecimento de um nódulo, inchaço desproporcional, alterações na pele, mudanças no mamilo, incluindo inversão ou descamação, além da presença de secreção anormal. O diagnóstico precoce continua sendo a principal arma para aumentar as chances de cura e possibilitar tratamentos menos agressivos”, complementa o oncologista.
Mitos e desinformações
Entre 2018 e 2023, o número de casos de câncer de mama no Brasil aumentou 59%, passando de 40.953 para 65.283 diagnósticos anuais. A mortalidade também cresceu significativamente: entre 2014 e 2023, os óbitos subiram de 14.622 para 20.165, totalizando 173.690 mortes na última década, um aumento de 38%.
Apesar desses números alarmantes, muitos mitos e informações equivocadas sobre a doença ainda circulam na sociedade, dificultando o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado.
Dr. Levindo ressalta que as informações falsas são uma das maiores barreiras no combate ao câncer de mama, uma vez que elas alimentam medos infundados, reforçam estigmas e atrasam o diagnóstico. “Muitos acreditam que o câncer de mama afeta apenas mulheres mais velhas ou aquelas com histórico familiar, quando, na verdade, a maioria dos casos ocorre em mulheres sem antecedentes. Outro mito comum é o de que desodorantes antitranspirantes causam câncer, o que não tem respaldo científico.”
Outro equívoco perigoso, segundo o especialista, é acreditar que, na ausência de um nódulo palpável, não há motivo para preocupação ou necessidade de realizar a mamografia. “Esse exame é essencial para identificar alterações em estágios iniciais, antes mesmo que possam ser percebidas pelo toque. Além disso, muitas pessoas ainda têm receio infundado de que a mamografia possa causar câncer, o que é um mito sem qualquer fundamento. O medo de que o câncer de mama seja uma sentença de morte também persiste, mesmo com os avanços expressivos no tratamento e as altas taxas de cura quando a doença é diagnosticada precocemente”, conclui o médico da Afya Montes Claros.
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