Afrodescendentes lançam carta em defesa de inclusão e justiça climática na COP 30
Lideranças de 16 países reivindicam participação efetiva nas decisões políticas e pontuam contribuições das comunidades
Representantes afrodescendentes da América Latina e do Caribe se reuniram em Brasília no Encontro Internacional “Vozes Afrodescendentes a Caminho da COP 30”. As lideranças debateram sobre justiça climática e a garantia de representatividade na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças no Clima (COP), que será realizada no mês de novembro, em Belém do Pará. As deliberações estão numa carta, a “Declaração de Brasília, em defesa da inclusão efetiva desses povos nas decisões globais acerca da crise climática.
Afrodescendentes nos espaços de decisão da Convenção de Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática, especialmente a COP 30. - Foto: Divulgação
Escrita pela Coalizão Internacional de Territórios Afrodescendentes, que representa 16 países da região, a carta destacou a importância de uma agenda conjunta que assegure a presença ativa dos afrodescendentes nos espaços de decisão da Convenção de Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática, especialmente a COP 30.
Com uma população estimada em 134 milhões de pessoas, os povos afrodescendentes ocupam aproximadamente 205 milhões de hectares em diversos ecossistemas. Porém, apesar de sua profunda contribuição histórica, cultural e ambiental para o desenvolvimento das nações da região, ainda enfrentam desigualdades estruturais, exclusão e falta de acesso aos direitos mais básicos e essenciais para sua subsistência.
A declaração denuncia os efeitos desproporcionais das mudanças climáticas sobre esses povos e territórios, agravando desigualdades em saúde, economia, segurança alimentar e qualidade de vida. Na Declaração, os povos reivindicam a participação direta nas instâncias decisórias sobre políticas públicas climáticas e ambientais.
Além disso, enfatiza o papel fundamental das comunidades afrodescendentes na preservação ambiental, especialmente em territórios como a Amazônia, zonas costeiras e áreas rurais, onde atuam como guardiões da biodiversidade e praticantes de saberes tradicionais sustentáveis. Dados do Censo 2022 indicam que mais de 75% da população da Amazônia Legal se declara preta ou parda.
Outro ponto central é o papel das mulheres afrodescendentes como protagonistas na proteção da biodiversidade e na promoção da justiça de gênero e climática. A carta alerta para suas vulnerabilidades diante das crises ambientais e exige ações concretas que valorizem e reconheçam sua autonomia.
A Declaração de Brasília também reafirma o compromisso com o cumprimento da Declaração e Plano de Ação de Durban (2001) e exige reparações históricas por meio de políticas de justiça racial, étnica e climática. A mobilização segue para fortalecer a presença da coalizão até a COP30, garantindo que suas vozes e demandas sejam ouvidas globalmente.
Segue em anexo a íntegra da carta!
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